segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Uma Escola Onde o Toque de Saída É o Som da Rádio Feita Pelos Alunos

Uma Escola Onde o Toque de Saída É o Som da Rádio Feita Pelos Alunos
Por SARA DIAS OLIVEIRA
Sábado, 16 de Fevereiro de 2002

Secundária de Oliveira de Azeméis

A Rádio escolar Impacto aproveita a Internet para emitir 24 horas por dia, sete dias por semana

"Tem de ser um nome que tenha impacto." Da conversa casual surgia, já lá vão quatro anos, o nome de uma das rádios escolares mais emblemáticas e com mais impacto no país. Tanto assim é que a equipa que nela trabalha tem constantemente aberto as portas a outros estabelecimentos de ensino que manifestam curiosidade em conhecer os métodos de trabalho da estação escolar que, paralelamente, vai dando resposta às solicitações que chegam por telefone ou "e-mail".

A verdade é que a Rádio Impacto, a funcionar na Escola Secundária Ferreira de Castro, em Oliveira de Azeméis, é considerada um exemplo a nível nacional e desde o início deste ano lectivo deu um passo de gigante, ao aproveitar a Internet gratuita para emitir 24 horas por dia, com som e imagem. E nem ao fim-de-semana o endereço www.radioimpacto.f2s. descansa. Para além disso, a escola oliveirense substituiu o agressivo toque de saída e entrada pelo som da rádio, que durante os intervalos torna o espaço de recreio mais animado e com outro tipo de sonoridades.

Música, muita música, blocos de notícias da comunidade escolar, informação local e nacional são as tarefas que diariamente os 15 elementos da estação preparam para preencher todos os cantinhos da escola, desde a cantina, passando pelos serviços administrativos, até ao conselho executivo.

O dia começa antes das oito da manhã, quando Bruno Amaro, o director técnico da rádio, começa a orientar os blocos informativos que irão passar durante os intervalos, ao longo do horário escolar, das 8h15 às 18h15. "O programa exige uma manutenção quase diária", explica. E em apenas sete minutos o estudante, que pretende seguir Engenharia Informática, tem tudo pronto para mais uma emissão da Rádio Impacto: "Não por obrigação, mas por gosto."

Saber gerir o tempo

Segundo Bruno Martins, director da rádio e um dos seus fundadores, a emissão "exige muito trabalho" e uma das maiores dificuldades tem sido "arranjar uma equipa sólida que consiga manter a informação". Por isso, os interessados "têm de demonstrar empenho" e passar por uma formação, dada pelos próprios elementos da rádio escolar, a nível técnico, mas que aborda também aspectos relacionados com a informação e postura e que tem a duração de dois a três meses. Desta forma, aprende-se "desde como montar um cabo a fazer uma emissão", revela Bruno Martins, que adianta que a Rádio Impacto está para durar. "Pela maneira como foi implementada, estruturada e pensada, não morre mais."

Os elementos são amadores, mas nem por isso brincam em serviço. No entanto, é necessário saber conciliar o bichinho da rádio com as aulas e o estudo. "O tempo tem de ser bem gerido. Passa muito por saber gerir o tempo e ver as prioridades", refere Rita Bastos, relações públicas da estação, que na maior parte dos intervalos dá um pulo à sala da rádio. "Faltei a poucas aulas relativamente ao trabalho que fiz", esclarece. E, para além disso, a rádio tem funcionado como um bom espaço para os alunos mais problemáticos da secundária, uma vez que lhes são atribuídas responsabilidades e que estão envolvidos num permanente espírito de equipa. Há quem já tenha saído da escola e continue a prestar apoio à Rádio Impacto e há também antigos alunos que de uma estação radiofónica em formato caseiro passaram para rádios profissionais da região.


Artigo gentilmente cedido pelo professor Manuel António Vitorino

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